Matança de defensores do meio ambiente
Na manhã de 24 de maio de 2011, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foram emboscados e assassinados na Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, no Estado do Pará, sob as ordens de um fazendeiro local. Dois homens armados com um fuzil de caça atiraram no casal à queima-roupa quando saíam de casa de moto. Zé Cláudio e Maria eram eloquentes defensores da floresta e fortes críticos do corte ilegal de madeira. Zé Cláudio teve uma de suas orelhas decepadas pelos assassinos como prova de execução.
José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo eram dois dos principais defensores da floresta no Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta-Piranheira. Eles também eram membros do Conselho Nacional de Populações Extrativistas, uma organização fundada por Chico Mendes, dedicada à preservação da floresta amazônica.
Zé Claudio e Maria do Espírito Santo faziam campanha contra o desmatamento ilegal e o despejo de agricultores e diziam receber constantes ameaças de morte. Eles haviam sido alvo de uma tentativa de assassinato fracassada semanas antes de seu assassinato. Apesar das preocupações com sua segurança, nunca foi oferecida proteção policial ao casal. Em 2012, eles foram premiados postumamente com o Prêmio Especial Heróis da Floresta das Nações Unidas.
Os familiares próximos a Zé Claudio e Maria Santo recontam os assassinatos e lançam luz sobre seu legado uma década depois.
Uma cruz de madeira marca o local onde Zé Claudio e Maria Santo foram assassinados enquanto trafegavam de moto em uma área rural da cidade de Nova Ipixuna.
Uma placa de pedra celebrando a vida dos defensores do meio ambiente ao lado da cruz de madeira. O fazendeiro que ordenou sua morte supostamente lhe enfiou uma bala.
O duplo assassinato foi orquestrado por José Rodrigues Moreira, um fazendeiro local. Os crimes foram cometidos por Alberto Lopes do Nascimento e Lindojhonson Silva Rocha, sob as ordens de Moreira. Zé Cláudio e Maria haviam dito ao INCRA, a agência federal de reforma agrária, que Moreira estava tentando expulsar três colonos de seus lotes para se apropriar da terra, arrasar a floresta, vender a madeira e plantar grama para o gado. O INCRA havia assentado famílias pobres na floresta para que a utilizassem de forma sustentável.
Um primeiro julgamento do duplo assassinato ocorreu em Marabá em 2013. Alberto Lopes do Nascimento e Lindojhonson Silva Rocha foram condenados a 42 e 45 anos de prisão. O tribunal considerou Moreira inocente. O julgamento de Moreira foi anulado posteriormente e o processo foi transferido para a capital do Pará, Belém. Em dezembro de 2016, um tribunal o declarou culpado e condenou Moreira a 60 anos de prisão. Mas ele nunca foi preso e atualmente se encontra foragido.
Após o assassinato de Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo, a resistência não parou. Claudelice da Silva Santos, irmã de Zé Claudio, tornou-se uma reconhecida defensora dos direitos humanos e do meio ambiente e continua a luta por justiça pelo assassinato de seu irmão.
O avanço do desmatamento no assentamento Agroextrativista Praia Alta-Piranheira, entre 2006 - 5 anos antes do assassinato de Zé Claudio e Maria do Espírito Santo - e 2021, 10 anos depois.