Os crimes, a Rede e as vítimas podem ser melhor compreendidos dentro de seu contexto histórico. O processo tem início no período colonial, avança através das eras subsequentes, dá uma guinada significativa na virada do século XXI e culmina no governo Bolsonaro. Uma linha comum – reivindicações conflitantes em relação às terras rurais do país e debates persistentes sobre seus usos – definiu e dominou o cenário político, jurídico, econômico e cultural brasileiro (na Amazônia e nos salões do poder) por séculos: um choque entre duas visões opostas sobre a terra rural, como ela deve ser definida, ocupada, utilizada e, finalmente, como deve ser valorizada na sociedade brasileira. No Brasil, esse processo evoluiu com muita violência e derramamento de sangue. Na verdade, os campos da Amazônia estão marcados por conflitos e repletos de vítimas. Os Usuários de Terras Rurais e seus Defensores têm sofrido graves abusos fomentados pela Rede, cujo poder e estratagemas desonestos muitas vezes prevalecem. No final desta história da vida real estão as vítimas da vida real e os criminosos da vida real. É, em última análise, um caso de crime (internacional) sem punição.

O capítulo contextual analisa o marco legal (“Mosaico”), a influência do complexo agroindustrial (“captura corporativa"), a destruição ambiental resultante (“desmatamento”) e os atos e políticas da administração Bolsonaro (“Bolsonaro”).